quarta-feira, 6 de julho de 2011

Identidade






              No interior do sertão, vivia ele, Crispim, uma moço muito simpático, honesto, e cheio de um ar sonhador. Sonhava em um dia ser algo na vida, então sempre fazia vários experimentos com a vida. 
Um dia fez um artefato de vidro e disse que era mágico e saia luz, se achou um grande cientista, mas avisaram para ele que isso já existia que era uma simples lâmpada.




É... ele percebeu, que não tinha muito o dom pra cientista.

Então fez uma pulseira de palha, e todos da cidadezinha viram o seu artesanato, e disseram que era muito artista, pois tinha um talento enorme para aquilo.
Depois desse dia decidiu que sua maior vocação era fazer artes de palha, e ficou mais acreditado quando um grande latifundiário disse: ‘’ grande artista tu, tens uma pinta de artista. E se eu for eleito farei sua mão grande’’.

Ele entendia muito bem, tudo o que o grande latifundiário dizia. Sim ele tinha uma pinta de artista, e essa pinta ele o tinha do lado direito, superior a boca.

Como virou muito famoso na sua cidadezinha, e acreditava no sonho, que a pouco a teve, puxou vários votos para o dono do latifúndio.
E como todo bom político realizou o sonho recente do famoso Crispim, comprou-lhe uma passagem direta pra cidade grande, pois ele dizia que tá lá o seu sonho, como lá tinha mais gente importante, lá vão te aclamar mais do que aqui, junto com esses caipiras ignorantes.

Ele não sabia  o significado de ser ignorante, mas tinha um tom pesado na palavra e gostou, e acreditou que não podia mais ficar ao lado desses caipiras.

 E assim no dia seguinte foi direto para a cidade grande, com a passagem só de ida, que o padrinho do seu sonho lhe deu.

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Na cidade grande ficou abismado com a tamanha tamanho de tudo, e ergueu o sorrisão, e disse ‘’aqui é meu lugar de sucesso agora vão me gostar. Aqueles caipiras que não conhecem nada de arte, e disseram que eu sou bom, imagine aqui, onde todos são  muito chiques.’’

Depois de horas de sonhos e auto aclamação e júbilos a ele mesmo, o dia virou noite, e o frio entrava na sua camisa furada, e medo começou a assombrar. Andava em todos os lados, mas como as pessoas andavam mecanicamente e não o olhava para cumprimentá-lo, ele pensava que isso devia ser normal, pois pessoas muito importantes agiam assim mesmo.

Pobre Crispim não entendia que na verdade aquelas pessoas eram esnobes, deve ser porque estava cego com seu sonho...

Depois de muito andar e depois de muito frio Crispim encontrou um grupo de amigos, muito educados por sinal, sem mesmo perguntar o nome, lhe ofereceram bebida, comida e fuminho, acho que viram seu ar de artista.
Crispim aproveitou e mostrou sua arte de palha, e eles aproveitaram pra a fumar. Crispim ficou intrigado, pois fumavam seu artesanato, mas depois entendeu que cada um tem o seu jeito de apreciar a arte, e então ficou feliz.
Ele também aproveitou e fumou o fuminho deles, nossa que sensação maravilhosa o vinha, sentiu muito prazer. E começou observar o redor, e via motos transformando em unicórnio alados. Algo diferente o cobria, e entendia mesmo, que ali era seu o lugar e foi dormir junto com os seus companheiros.
Na manha seguinte perguntou para seus novos amigos, onde se encontrava um lugar de pessoas chiques para mostrar sua arte, e eles indicaram-no.
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Muito tumulto e agitação cobriam o centro da cidade, ele não entendia porque as pessoas tinham que fazer muitas coisas para sentir-se tão ocupadas, não parava para admirar a sua arte e o ainda chamavam-no de caipira.
E ficou com saudades dos caipiras ignorantes, que admiravam a sua arte,  e tinham tempo para admirá-la.

Mas como não tinha dinheiro para voltar para sua casa ficou triste, entrou na primeira loja que viu, começou a olhar as tevês, cada uma de um tamanho diferente, mas passando o mesmo canal: uma família voltando a sua terra natal . 
Viu que todos que viam a tevê também estavam muito surpresos e admirados.

Ficou muito feliz, e perguntou pra alguém como faz pra passar na TV .
Responderam que é mais fácil gravar um vídeo,  e o levar num realite show !

E Crispem entendeu que era esse seu sonho, aparecer na tevê.

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