quarta-feira, 29 de junho de 2011

Reflexo...




-Peguem um jornal e dobrem ao meio, isso muito bem, agora dobra um centímetro para cima, e vira o jornal, e dobra mais um centímetro para cima, agora abrem o jornal, e equilibrem-no.
-Lindo equilibrar esse jornal!-Eu respondo.
-Imagina tudo isso colorido. - Responde o professor

Uma emoção danada chega ao meu coração e circula para todas as minhas veias. Talvez essa energia e emoção não fossem devidas só à arte que estou fazendo, tinha algo mais mágico ocorrendo em volta de tudo.

Trim. Trim. Trim. Trim.(o meu telefone toca)

-Alô!?-respondo muito afobada.
-Filha seu avô morreu.
(Tensão)
 Cai ao chão o meu equilíbrio
-Filha você está bem?


TU TU TU TU TU TU TU TUUUUUUUUU  . . .

. . .



Olho para o corpo do meu avô, sim é só uma matéria, um corpo gelado. Deve ser porque sua alma já não o preenche. Onde será que a alma foi? Não faço idéia, mas rezo para ela estar bem.
Olho ao redor não entendo a quantia de pessoas que vêem a minha direção e pergunta se estou bem, será que elas não entendem, se eu estivesse bem não estaria chorando, ou elas pensam que aqui é uma pegadinha do malandro e aquele homem no caixão não é meu vô, e tudo aqui é uma ilusão de óptica.

-Estou com saúde!-Respondo as pessoas por educação.

Não estava entendo outra coisa, algumas pessoas vinham em mim e oferecia ‘’meus sentimentos’’, e sem ao menos olharem nos meus olhos e dão um aperto de mão tão falso.

-Amém! – Respondo por educação também.

Olhando novamente o redor (gosto de observar), e o que me alegrou nessa manha é ver a cena do meu priminho. Não entendia direito a situação, ou entendia mais do que todos, pois ele ria, corria e brincava. Muito lindinho.

-O vovô está dormindo né?
-Está dormindo em paz!-respondi com amor

Continuo a olhar, tem pessoas realmente preocupadas comigo, e com a minha situação física, me entregam lenços para eu soar o nariz, e estão falando pra eu ir tomar banho na casa do meu falecido Vô.

(fui tomar banho)

. . .



Chegando à casa do meu avô, logo reparo no seu chapéu que ele tanto usava, com uma caneta marco a data de seu falecimento.
Entrando na cozinha lembro-me dos nossos momentos juntos, de uma que vez coloquei uma cobra de borracha na comida e ele assustou-se, e do momento em que ele moía o amendoim com o martelinho, pois estava sem dentadura, e eu ria, e quando jogávamos cacheta, eu sempre perdia nesse jogo.
Um sorriso tímido cobria o meu rosto.

-Sim, foi muito boa nossa convivência é isso que vai ficar entre nós as lembranças, e os ensinamentos, nossa meu vô era um bom artesão, me ensinou a fazer minha primeira peteca.-Falava alto sozinha
Continuei falando alto

-É a missão do meu vô acabou!

O sentimento de perca que estava em mim, se transformou em uma irritação, pois um dia, como do meu vovô a minha missão irá se acabar.

-Preciso voltar à aula   !

. . .

Um comentário: