Carpia, carpia, de dia, pula a noite, e passa
o dia, assim não ficava tão intristecida, nessa terra longínqua, que passa as
andorinhas, que cantam , alto alto, pra modi fazer sentido pra minha natureza.
Minha natureza que se escondia bucado de
tempo dessa vida. Pois andava amargurada. Meus pais nunca entendiam, não queria
mais aqui. ‘’Aqui o que meu Deus?’’, nem eu sabia mais o que é aqui, perdi a
nossão depois que deixei-me sentir, pro ladrão que levou os meus sentidos.
Agora me vejo eu aqui, debaixo de você sol,
você que me vê todos os dias, e me conhece muito, muito bem, conhece minhas
orações, que com fé faço pra você, pra amulecer quando enfurece de quentura;
conhece quando em momentos de fraqueza, eu me debulho a chorar; conhece quando
em momentos de alegria, eu me perco em risadas; conhece-me, me conhece, tanto
tanto, me ajude...
Me via boba fazendo isso, e meus pais me
chamavam pra voltar pra casa, já era hora do almoço. Comia rápido, e não parava
de pensar, em tudo, e até as falas dos meus pais se tornaram do ambiente, como
um relógio, que nunca para, e que quase não notamos o seu tic tac tic tac tic TAC...
Levei a louça pra cozinha, e fui para o meu
quarto, ainda em pensamentos, dei de cara com a janela, que dava de vista para
a plantação, e deu vontade de olhar bem em tudo, cada canto, e rendi em conta
que sim aqui é bonito.
Quando menos percebi estava tomada. Uma luz
de sol me incendiou, era o próprio Sol que tinha descido em Terra, fazendo-me
sentir Deusa.
E
eu que tanto rezava para o sol, pra me cuidar, agora eu mesma cuidava de mim,
rezava pra mim, pra nóis, pois como brasa nos amamos.
E nos amamos pra valer e nosso fogo era
tanto, que até a plantação dos meus pais começaram a murchar.
Tinha percebido, que tudo tudo, reagia. E o
povo da roça, não merecia, que eu com o Sol provocávamos.Não merecia. Mas já
tinha em mim nele, não podia deixá-lo, eu o amo e ele a mim.
Até que o Sol disse pra eu voltar pra Terra,
pra cuidar do meu povo. Mas que não esquecêssemos da gente, e ele só sairia
para o dia, se eu o fosse buscar todas as manhas.
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